domingo, 1 de maio de 2016

BOOK REVIEW | Vamos Comprar um Poeta


Título: Vamos Comprar um Poeta
Autor: Afonso Cruz
Editora: Caminho
Ano de edição: 2016
Páginas: 101

Sinopse: 

Numa sociedade imaginada, o materialismo controla todos os aspetos das vidas dos seus habitantes. Todas as pessoas têm números em vez de nomes, todos os alimentos são medidos com total exatidão e até os afetos são contabilizados ao grama. E, nesta sociedade, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação. A protagonista desta história escolheu ter um poeta e um poeta não sai caro nem suja muito - como acontece com os pintores ou os escultores - mas pode transformar muita coisa. A vida desta menina nunca mais será igual…

Uma história sobre a importância da Poesia, da Criatividade e da Cultura nas nossas vidas, celebrando a beleza das ideias e das ações desinteressadas.


Opinião: 

Mais um livro de Afonso Cruz com o alto patrocínio da genialidade
(Quem já o leu sabe porque o digo)

Afonso Cruz deixa-me sempre sem palavras. 
Consegue sempre surpreender e, para mim, está melhor e melhor a cada novo livro. 
Prosa poética, crítica sagaz, imaginação ao rubro  como só ele sabe fazer.
Quando terminamos sentimos imediatamente vontade de voltar ao início, de mergulhar de novo nesta verdadeira ode à cultura, à poesia e à criatividade.

Uma experiência maravilhosa, ainda que demasiado rápida, que não devem mesmo perder. Entrada directa para os meus favoritos, onde já estão outros dois livros do autor.
E eu já a pensar na minha próxima leitura de Afonso Cruz!

"É que antes de adormecer faço abdominais e flexões e alongamentos com a imaginação, para aquecer as articulações e os músculos da fantasia. Não quero ter sonhos com mialgias de esforço."

Classificação:

domingo, 24 de abril de 2016

OUTRAS CONVERSAS | A PSP tem sentido de humor e é fã d'A Guerra dos Tronos



Andava eu a 'passear' pelo Facebook, quando me deparo com esta imagem na página da Polícia de Segurança Pública. Em quatro horas, a publicação já moveu mais de quatro mil likes e 800 partilhas.

Aqui está a prova de que as forças policiais podem ser alegres e com sentido de humor, contrariando a imagem negativa que se foi instalando ao longo dos anos.
Há muitas formas de consciencialização e esta é talvez uma das mais eficazes. 

Os meus parabéns ao responsável pelas redes sociais da PSP, pela originalidade e criatividade e também pelo trabalho que tem vindo a realizar na plataforma, que tanto tem aproximado a organização do comum cidadão. 

INSPIRAÇÃO | 10 GIFs para amantes de livros

Olá livrólicos!
Ontem celebrou-se o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. 
Em jeito de comemoração e inspiração para o início de uma nova semana de leituras, seleccionei 
10 GIFs para amantes de livros



animated book in nature pages turning gif





image


Winnie The Pooh Go Back To Page One Gif Gif

quinta-feira, 21 de abril de 2016

BOOK REVIEW | O Pai


Título: O Pai
Autor: Roslund & Thunberg
Editora: Planeta
Ano de edição: 2016
Páginas: 520

Sinopse: 

Um livro muito intenso, baseado em factos verídicos, em que um dos autores faz parte da família de assaltantes e é protagonista do livro. Este thriller inebriante de cortar a respiração conta-nos a história de como três rapazes se transformam, ao longo da vida, de crianças inocentes nos criminosos mais procurados da Suécia. O seu vínculo foi forjado enquanto cresceram sob o jugo de uma família violenta.
E do homem que os moldou dessa forma: o pai.

Opinião: 

Numa altura em que os thrillers nórdicos proliferam nas prateleiras das livrarias, conquistando cada vez mais leitores portugueses, eis que dois escritores decidem juntar-se para “estilhaçar a realidade e reconstituí-la como ficção” no livro “O Pai” (Planeta, 2016).

Como se não bastasse ser baseado numa história verídica para aguçar o apetite dos leitores, descobrimos que um dos autores – Stefan Thunberg – está mais envolvido na trama do que aparentemente se julgaria: enquanto se tornava um dos mais notáveis guionistas da Escandinávia, o resto da família celebrizava-se como “os mais procurados e famosos assaltantes de bancos da Suécia”. É precisamente esta a história que encontramos nestas páginas, escritas juntamente com um nome de peso da literatura escandinava de criminalidade: Anders Roslund.

(...)
Não é por acaso que a edição portuguesa adquiriu – e bem – o título “O Pai”, fugindo ao original "Made in Sweden”. O lado mais forte e interessante desta história acaba mesmo por ser o retrato de três crianças que cresceram em constante medo de um pai violento e dominador, e o modo como essa relação se repercute psicologicamente neles ao longo dos anos. Aliás, centrar a história unicamente nos assaltos e na sua investigação seria demasiado linear e redutor. Os autores, tomando partido da posição privilegiada que já percebemos terem na história, trazem algo verdadeiramente diferenciador relativamente a outros thrillers policiais: a visão de dentro. (...)

Ainda que a história seja cativante e impressione pela conturbada relação pai-filho – chegando mesmo a tirar-nos do sério pelas atitudes negligentes e de incitação à violência por parte do pai –, a estrutura da narrativa nem sempre permite uma boa fluidez de leitura. À intercalação entre o então e o agora soma-se a alternância entre as perspectivas das várias personagens que, não se limitando à visão dicotómica polícia versus criminosos, acaba por criar, apenas numa primeira fase, alguma confusão no leitor. Apesar de ser evidente o esforço numa visão completa e aprofundada das vidas retratadas, sente-se que em determinadas situações o livro se torna demasiado longo – 520 páginas –, e que alguns pormenores poderiam ter ficado de parte. Com o avançar da leitura não só a narrativa fica melhor articulada como aumentam os momentos de tensão que nos fazem espreitar o mundo do crime.

Escrito a quatro mãos, “O Pai” tem no toque de autenticidade a sua maior atracção. Mais do que um thriller, estamos perante um drama psicológico que nos mostra como uma infância no seio de uma família violenta pode transformar três inocentes irmãos nos criminosos mais procurados da Suécia. A cada minuto é como estar lá a presenciar os roubos, a vivenciar a dinâmica do grupo, as motivações e as fraquezas que ficam cada vez mais evidentes com a aproximação do final. Uma trama digna de filme e a DreamWorks não perdeu tempo : os direitos já foram vendidos e a realização ficará a cargo de Steven Spielberg.


Opinião completa no Deus me Livro
Classificação:

quarta-feira, 20 de abril de 2016

OUTRAS CONVERSAS | Quando a publicidade gera repugnância

 

Uma campanha contra a diabetes está a mostrar, de forma extremamente visual e criativa, os perigos escondidos nos doces. Através de três imagens, a Associação de Diabetes da Tailândia alerta para os efeitos do açúcar na saúde, encorajando as pessoas a ter um outro olhar sobre a doença. 

Ao contrário das imagens médicas, a campanha de sensibilizaçã— Sweet Skills  substitui os fluídos corporais das feridas abertas por doces, mostrando como os altos níveis de açúcar no sangue podem reduzir a capacidade do organismo curar feridas.

A criatividade ficou a cargo da agência Ogilvy, pelo designer Nattakong Jaengsem.

As imagens falam por si. 
Não são agradáveis de se ver e confesso que chegaram mesmo a repugnar-me. 
Acho que é uma campanha bem sucedida e, diria mesmo, difícil de esquecer.
Deixo-vos com as imagens. 
Mais informações aqui e aqui

The World Health Organisation predicts diabetes will be the seventh leading cause of death by 2030







segunda-feira, 18 de abril de 2016

BOOK REVIEW | o nosso reino, de valter hugo mãe


Título: o nosso reino
Autor: valter hugo mãe
Editora: QuidNovi
Ano de edição: 2009
Páginas: 151

Sinopse: 

Delicadíssima história de uma criança em torno da ansiedade por uma resposta de Deus. Retrato de um Portugal recôndito ao tempo da Revolução dos Cravos que nos conta como em lugares pequenos as ideias maiores são relativamente intemporais e o que acontece ignora largamente o tempo exacto do mundo.

O belo livro de estreia de valter hugo mãe é uma fulgurante prova de imaginação e beleza. Entre a profunda ternura e a difícil aprendizagem da vida, cada dia é um esforço para que se prove a existência do milagre de se ser alguém.


Opinião: 

"o nosso reino" é o romance de estreia de valter hugo mãe e também a minha primeira experiência de leitura com o autor. Infelizmente, não posso dizer que tenha sido uma leitura especialmente prazerosa.

A primeira coisa que salta à vista é sem dúvida o estilo de escrita do autor. Quem já leu sabe do que falo: falta de letras maiúsculas, uma pontuação que se resume a pontos e vírgulas, numa narrativa graficamente corrida que se procura aproximar ao português falado.

Se este estilo de escrita   que o autor define como "limpeza formal do texto é uma mera despreocupação estilística ou, pelo contrário, um rasgo de génio, não o posso dizer. Que o torna diferente, disso não tenho dúvida. Independentemente de toda a discussão que se pode ter em torno do estilo peculiar do autor, a verdade é que me deparei com um texto extremamente denso, até difícil de ler, exigindo uma grande atenção por parte do leitor. É verdade que o ritmo de leitura vai aumentando à medida que nos habituamos à escrita, mas a verdade é que continua lento. 

Posto isto, acredito que o que prejudicou a minha leitura foi o facto do livro ter sugado por completo a minha atenção para a componente estilística, ao invés da história em si, que essa sim acredito ter uma premissa bastante interessante. 

Em traços muito gerais, acompanhamos a busca de perfeição espiritual por parte de um menino de oito anos, que quer ser santo. O livro começa com uma personagem muito intrigante (que adorei): "o homem mais triste do mundo", correspondente à figura do coveiro, a pessoa que anda de mão dada com a morte. São precisamente a morte e a religiosidade os pontos fulcrais do livro. valter hugo mãe tem o mérito de nos transportar directamente para o ambiente criado, fazendo-nos sentir dor, medo e desespero perante a perda de entes queridos. Em "o nosso reino", procuramos, juntamente com o narrador, compreender o mundo dividindo-o entre o céu e o inferno, numa visão muito realista do Portugal de outrora (que talvez não seja tão outrora assim).

Agarro-me à esperança de que os romances seguintes de valter hugo mãe consigam exercer um fascínio maior em mim, porque queria mesmo (mesmo) gostar deste autor. 

Classificação: