domingo, 28 de fevereiro de 2016

BOOK REVIEW | A Invenção de Hugo Cabret


Título: A Invenção de Hugo Cabret
Autor: Brian Selznick
Editora: Edições Gailivro
Ano de edição: 2008
Páginas: 544


Sinopse: 

Órfão, guardião dos relógios e ladrão, Hugo vive por entre as paredes de uma movimentada estação de comboios parisiense, onde a sua sobrevivência depende de segredos e do anonimato. Mas quando, repentinamente, o seu mundo se encaixa - tal como as rodas dentadas dos relógios que vigia - com o de uma excêntrica rapariga amante de livros e o de um velho amargo, dono de uma lojinha de brinquedos, a vida secreta de Hugo e o seu segredo mais precioso são colocados em risco. Um desenho misterioso, um bloco que vale ouro, uma chave roubada, um homem mecânico e uma mensagem escondida do falecido pai de Hugo formam a espinha dorsal deste intrincado, terno e arrebatador mistério.


Opinião: 

Esta foi uma experiência única de leitura, ou não estivéssemos a falar de uma verdadeira obra de arte.
A invenção de Hugo Cabret é a prova viva de como uma história simples, mas encantadora, consegue ser levada ao expoente máximo quando bem contada e, neste caso, com uma narrativa bastante peculiar. Intercalando palavras com ilustrações, da sua própria autoria, Brian Selznick eleva as ilustrações a um novo patamar, tornando-as verdadeiramente parte integrante da história. A cada folhear de página, as belíssimas ilustrações a carvão ganham vida, bem ao estilo do stop motion

Sabendo que estamos perante uma obra que homenageia os primórdios do cinema, em particular o mágico francês Georges Méliès, haveria melhor forma de contar esta história do que recorrendo a esta técnica? Não, não havia. E é por ser tão bem pensada e concebida que toda a obra se torna extremamente especial

Aliando realidade e ficção, num cenário mágico e misterioso, repleto de momentos comoventes e acções simbólicas que se revelam ao leitor mais atento, este é sem dúvida um livro que não devem perder!


Classificação:


Agora resta-me ver o filme!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

OUTLET DO LIVRO | Novo na minha estante


O fim-de-semana passado visitei o Outlet do Livro no Porto e, como não podia deixar de ser, quem ficou a ganhar foi a minha estante. Aqui ficam os livros que vieram comigo para casa.

1. A Revolução da Mulher das Pevides, de Isabel Ricardo.
Um livro que já queria há algum tempo. Não tem a capa maravilhosa da nova edição da Saída de Emergência, mas tem um grafismo bastante interessante no interior. A história, essa sim, pelo que li tenho a certeza que me vai encantar.

2. Vidas Tecidas, de Anita Amirrezvani. 
Irão do século XVII. Um livro para conhecer novas culturas, como eu tanto gosto!

3. Morte com Vista para o Mar, de Pedro Garcia Rosado. 
Ainda não li nada do autor e achei que este era um bom ponto de partida.

4. O Caso das Mangas Explosivas, de Mohammed Hanif.
Este conquistou-me pelo título inusitado. Deixou-me muito curiosa.

5. Fio da Memória, de Nancy Huston. 
Por 1€ não o ia deixar só e abandonado, não é?!

Foram estas as leituras que conquistaram um lugar na minha estante e que espero que me inspirem nos próximos tempos. Já leram algum destes livros? Gostaram? Aconselham? Contem-me tudo! :)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CITAÇÕES | A invenção de Hugo Cabret

Currently Reading.


"I like to imagine that the world is one big machine. You know, machines never have any extra parts. They have the exact number and type of parts they need. So I figure if the entire world is a big machine, I have to be here for some reason. And that means you have to be here for some reason, too.

Brian Selznick
The Invention of Hugo Cabret


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

BOOK REVIEW | Amemo-nos uns aos outros


Título: Amemo-nos uns aos outros
Autor: Catherine Clément
Editora: Porto Editora
Ano de edição: 2016
Páginas: 272


Sinopse: 

Em 1871, a Comuna de Paris, a mais nobre revolução que o mundo já conheceu, incendiou os corações e as ruas.

Élisabeth Dmitrieff é a enviada e representante de Karl Marx na capital francesa. Jovem, tão frágil quanto arrebatadora, recusa-se a amar algo ou alguém que não a revolução. Léo Frankel, revolucionário húngaro e também ele membro da Primeira Internacional, tem o sonho de construir um modelo ideal de sociedade sem exploradores nem explorados. Mas poderá o amor nascer na insurreição e sobreviver no coração da barricada?

Numa escrita apaixonada e de ritmo alucinante, combinando personalidades históricas como Louise Michel, Victor Hugo, Karl Marx ou Georges Clemenceau com personagens ficcionadas, Catherine Clément faz o retrato literário destes dias trágicos e gloriosos, «que começaram com a alegria e terminaram com o sangue», oferecendo-nos uma narrativa de esperança e de sonho, numa homenagem a todos cujas vidas foram tocadas pelo Génio da Liberdade.


Opinião: 

"A nossa divisa estava bordada a vermelho e ouro, AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS, com o verbo «amar» a envolver num semicírculo «uns» e «aos outros». E essas palavras caíam-me bem. O amor em vez da guerra!”

A autora cativa-nos logo no capítulo inicial, com um narrador no mínimo improvável – o Génio da Liberdade, a escultura da praça da Bastilha que ainda hoje podemos ver naquele lugar, “Empoleirado na minha coluna, de pé no ar, sexo ao léu, com as minhas grandes asas abertas, a minha estrela na testa, o archote numa mão e uma cadeia quebrada na outra” – foi assim que presenciou o clamor das multidões que pelo palco das revoluções francesas passaram e, também, todas as batalhas, vitórias e derrotas que aqui se vão narrar.

(...)
Catherine Clément dá-nos uma visão muito completa destes tempos agitados, contrapondo aqueles que, tal como Léo, estão “do lado da insurreição e da violência legítima”; com os que, como Abel, não suportam a violência. A visão adquire os 360 graus quando, a par das investidas militares, questões políticas e princípios e medidas defendidos pela Internacional, a autora nos presenteia com descrições bastante autênticas e visuais do ambiente parisiense da época, mostrando ainda as consequências práticas desses dias sangrentos no povo.

A forte componente histórica do livro acaba por dar as mãos ao romance quando introduzimos na história Élisabeth Dmitrieff, uma jovem russa representante de Karl Marx na Comuna, que se recusa “a amar algo ou alguém que não a revolução”. Lisa, a par de outras personagens, vem trazer um ponto diferenciador e fortíssimo nesta obra: o papel da mulher na revolução. No que a isto diz respeito, “Amemo-nos uns aos outros” é soberbo. (...)

A linguagem, que se aproxima a uma conversa com o leitor, reúne o melhor de dois mundos: a proximidade que só o discurso na primeira pessoa oferece e o conhecimento de todos os acontecimentos de que só um narrador omnipresente é capaz.

Numa altura em que se defendia “não gastar energia com amores vãos”, não faltam elementos nesta história que contrariem a premissa “não há lugar para o amor durante a Revolução”. Misturando de forma brilhante personagens fictícias e reais, Catherine Clément dá-nos uma verdadeira lição de história prestando, simultaneamente, uma sentida homenagem “a todos cujas vidas foram tocadas pelo Génio da Liberdade”. O Génio que tudo presenciou e que, na praça da Bastilha, relembra a todos os parisienses o duro preço da vitória da liberdade.

“Léo tinha razão em filiar-se na Internacional. Era quase o meu lema – Amemo-nos uns aos outros –, só que esse amor está na ponta das nossas espingardas.”


Opinião completa no Deus me Livro
Classificação:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

BOOK REVIEW | O Circo dos Sonhos



Título: O Circo dos Sonhos
Autor: Erin Morgenstern
Editora: Civilização Editora
Ano de edição: 2012
Páginas: 464


Sinopse: 

Um misterioso circo itinerante chega sem aviso e sem ser precedido por anúncios ou publicidade. Um dia, simplesmente aparece. No interior das tendas de lona às listas pretas e brancas vive-se uma experiência absolutamente única e avassaladora. Chama-se Le Cirque des Rêves (O Circo dos Sonhos) e só está aberto à noite.
Mas nos bastidores vive-se uma competição feroz - um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, que foram treinados desde crianças exclusivamente para este fim pelos seus caprichosos mestres. Sem o saberem, este é um jogo onde apenas um pode sobreviver, e o circo não é mais do que o palco de uma incrível batalha de imaginação e determinação. Apesar de tudo, e sem o conseguirem evitar, Celia e Marco mergulham de cabeça no amor - um amor profundo e mágico que faz as luzes tremerem e a divisão aquecer sempre que se aproximam um do outro.
Amor verdadeiro ou não, o jogo tem de continuar e o destino de todos os envolvidos, desde os extraordinários artistas do circo até aos seus mentores, está em causa, assente num equilíbrio tão instável quanto o dos corajosos acrobatas lá no alto.

Escrito numa prosa rica e sedutora, este romance arrebatador é uma dádiva para os sentidos e para o coração. O Circo dos Sonhos é uma obra fascinante que fará com que o mundo real pareça mágico, e o mundo mágico, real.


Opinião: 

Que livro fantástico! Há muito que um livro não me encantava assim. 
Senti-me completamente sugada para este mundo mágico, envolto numa profunda aura de mistério, do qual sinto que ainda não saí.

Nada digo sobre a história em si porque acredito que, quanto menos se souber, melhor será a experiência de leitura. Imaginem apenas um circo... onde tudo é possível!
O Circo dos Sonhos reúne um conjunto de características que o tornam absolutamente delicioso. Para começar, o mundo em si e as personagens extremamente misteriosas e cativantes que aqui se movimentam. 

A cereja no topo do bolo: a escrita envolvente, criativa, hipnótica
Erin Morgenstern não só tem uma imaginação fértil, como é extremamente hábil em descrições, que ocupam grande parte deste livro. Algo que poderia se tornar maçador, torna-se extremamente enfeitiçante.
Nós somos parte integrante da história desde o primeiro momento, através de capítulos que falam directamente connosco, descrevendo o que vemos e sentimos. Uma interacção com o leitor que, sem dúvida, o torna especial. Como se isto não bastasse, a autora oferece-nos diferentes perspectivas dos acontecimentos pela visão de diferentes personagens, em sucessivos avanços e recuos temporais.

Desenganem-se os que, a julgar pela capa (lindíssima, diga-se de passagem), pensam que é um livro preto e branco: aqui há lugar para todas as matizes de cor, sons e cheiros, que nos levam para bem longe do mundo real. N'O Circo dos Sonhos cada elemento mágico e cada sonho ganham vida. 


Classificação:

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"HARRY POTTER and the Cursed Child" em LIVROOOOO!

 

Tentemos manter a calma, respiremos bem fundo... 
Vem aí o oitavo livro da série mais amada de sempre - Harry Potter!


Aquela que seria "só" uma peça de teatro, com estreia já marcada para 30 de Julho deste ano, em Londres, vai se tornar livro. Tal como a peça de teatro, o livro será dividido em duas partes, mas presentes no mesmo volume.

A história continua onde nos deixou no sétimo volume da saga, com um Harry Potter adulto, funcionário no Ministério de Magia e pai de três filhos. Harry "lida com um passado que se recusa a ficar no lugar ao qual pertence".

"Harry Potter and the Cursed Child Parts I & II" by Jack Thorne is a play based on an original story by J.K. Rowling, Thorne and John Tiffany that follows Harry as an employee of the Ministry of Magic, husband and father of three kids, the youngest of whom, Albus, struggles with the "weight of a family legacy he never wanted," the statement said. (daqui)

"We are thrilled to publish 'Harry Potter and the Cursed Child' this summer", podia ler-se ainda no press release da editora Scholastic lançado hoje. 

O livro será lançado a 31 de Julho, dia de aniversário de Harry Potter, mas há mais:

«"The special edition of the book -- dubbed the "Special Rehearsal Edition" -- contains the early script of the play's preview period, during which changes to the script can be made. A "Definitive Collector’s Edition" featuring the final script will be released at a later date.»


Quanto a vocês não sei, mas eu não caibo em mim de contentamento.
Não é por acaso que esta é A SÉRIE DA MINHA VIDA!  





Capa provisória do livro com o roteiro da peça de teatro que seria a 8ª história de Harry Potter (Foto: Reproção/Pottermore.com)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

BOOK REVIEW | Como Água para Chocolate


Título: Como Água para Chocolate
Autor: Laura Esquivel
Editora: ASA
Ano de edição: 1997
Páginas: 229


Sinopse: 

Neste romance surpreendente e admirável, que revelou ao leitor português uma grande escritora mexicana, toda a trama narrativa roda em torno da cozinha e de um certo número de elementos culinários. Cada capítulo abre com uma receita fora do comum (mas ao mesmo tempo perfeitamente realizável), a pretexto e em volta da qual não apenas se juntam os comensais, mas também se “cozem” e “temperam” amores e desamores, risos e prantos, e se celebra o triunfo da alegria e da vida sobre a tristeza e a morte. 
Enorme sucesso editorial, Como Água para Chocolate foi já traduzido em numeros países e adaptado ao cinema.


Opinião: 

Como água para chocolate é um romance nem sempre doce, mas intenso em emoções. 
Muito mais do que receitas, aqui cozinham-se sentimentos até ao ponto de ebulição.
 Laura Esquivel, inserindo-nos no México rural do início do século XX, faz-nos torcer para que o amor prevaleça neste conflito com as tradições.

A escrita da autora torna-se muito agradável ao fundir receitas, ingredientes e modos de preparação com toda a carga emotiva da personagem principal - Tita. A projecção das emoções de Tita para os cozinhados, e a forma como estes posteriormente são transferidos para os que com eles se deliciam, é sem dúvida o ponto alto deste romance. 
A cada mês uma nova receita e, consequentemente, uma diferente emoção e diferentes reacções nos comensais.

Apesar da história base em si ser bastante comum, o exagero, o humor, uma pitada de magia e as constantes reviravoltas trágicas verdadeiramente típicas do romance mexicano, aliadas à importância e simbolismo que a comida adquire, fazem deste um romance muito especial.

Classificação:

sábado, 6 de fevereiro de 2016

BOOK REVIEW | Os livros que devoraram o meu pai


Título: Os livros que devoraram o meu pai
Autor: Afonso Cruz
Editora: Caminho
Ano de edição: 2010
Páginas: 128


Sinopse: 

Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado. Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo. Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de letras.

Opinião: 

Começa a ficar cada vez mais difícil arranjar adjectivos para descrever os livros de Afonso Cruz. Este foi mais um que me deixou sem palavras. 

Os livros que devoraram o meu pai é uma história incrível, que nos leva numa aventura deliciosa pelo amor pelos livros, com (muitas!) passagens de tirar o fôlego.
A forma como as ideias são interligadas, os vários livros a que faz referência são introduzidos (sim, porque este é um livro sobre livros) é brilhante, impelindo-nos a também nós mergulharmos nesses clássicos da literatura.
Afonso Cruz faz magia com as palavras, no seu estilo ímpar.
A originalidade da obra alia-se à originalidade da exploração tipográfica, muito bem conseguida, e que acaba por exponenciar a experiência de leitura já por si só maravilhosa.

Talvez a melhor descrição seja mesmo a de um livro que nos devora. 
À medida que se vai lendo Afonso Cruz fica complicado escolher um livro preferido, mas sem dúvida que este conquista um lugar muito especial. 

"Um bom livro deve ter mais do que uma pele, deve ser um prédio de vários andares."
Se assim é, com este livro, Afonso Cruz projectou um arranja-céus.

Classificação:

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

CAPAS DE LIVROS | Onde é que eu já vi isto?

17571997   

Andava eu despreocupadamente a navegar pela internet quando dei de caras com a capa deste livro, que desconhecia: A vida sabe o que faz de Zibia Gasparetto.
Foi inevitável não pensar de imediato no recente e tão bem falado Uma Praça em Antuérpia de Luize Valente.

Apenas três anos separam os dois livros. 
As semelhanças num elemento tão central em ambas as capas são inegáveis. 
Se era escusado? Era, completamente.

É caso para dizer que ficou a faltar um bocadinho assim de pesquisa:


Já deram de caras com semelhanças deste género?
Partilhem nos comentários, vou gostar de saber! :)