sexta-feira, 18 de março de 2016

BOOK REVIEW | A Abadia dos Cem Pecados


Título: A Abadia dos Cem Pecados
Autor: Marcello Simoni
Editora: Clube do Autor
Ano de edição: 2016
Páginas: 368

Sinopse: 

Agosto de 1346. França e Inglaterra estão em guerra. No final da batalha de Grécy, o rei da Boémia, já moribundo, entrega a um cavaleiro francês, Maynard de Rocheblanche, um pergaminho com um misterioso enigma. Este obscuro texto faz referência a uma relíquia preciosa, o Lapis exilii. São muitos os que procuram apoderar-se dele, nomeadamente o ambicioso cardeal de Avinhão e o príncipe Karel do Luxemburgo, ansioso por se fazer imperador.


Opinião: 

Marcello Simoni volta a dar cartas no romance histórico, com o início de uma trilogia que promete agarrar os leitores ávidos de intrigas e mistérios passados na idade medieval“A Abadia dos Cem Pecados” (Clube do Autor, 2016) transporta-nos para o ano de 1346, uma época marcada não só pela luta pela supremacia política, com a guerra entre França e Inglaterra, mas também pelo forte domínio religioso. É precisamente desta combinação que nasce o enredo desta história, que nos leva pelos meandros obscuros da luta por uma poderosa relíquia.


Para além do mistério constante, Marcello Simoni presenteia-nos com descrições que nos fazem revisitar outro tempo, outras gentes e outros costumes: a riqueza arquitectónica, com a descrição de imponentes abadias, catedrais e dos frescos que aí se podiam contemplar; o retrato fiel da vida monástica (e também laica), com lugar para pecados como a cobiça e a luxúria; a atmosfera de Ferrara, onde o autor cresceu e aqui tornou palco da narrativa. Além de bem descritos, os ambientes são extremamente visuais e envolventes, fazendo-nos deambular pelas ruas lado a lado com os protagonistas, em viagens que chegam a durar semanas ou até meses.

Não fosse Marcello Simoni ser considerado por muitos “um especialista em romances históricos“, vemos aqui umequilíbrio irrepreensível entre factos históricos e ficção. Sem ser maçador mas de forma completa, vai-nos guiando pelo desenrolar da trama, fazendo questão de esclarecer, em momento oportuno, o que é real e o que é fruto da sua imaginação, deixando ainda algumas fontes que comprovam a fidelidade da reconstrução histórica no seu trabalho.

As pequenas revelações que vão pautando o ritmo da narrativa fazem-nos ansiar por um desfecho… que não chega. No fim, o leitor é deixado num sentimento agridoce, apercebendo-se facilmente que “A Abadia dos Cem Pecados” é uma introdução a um enredo que se prevê, nos próximos dois volumes, ainda mais complexo. Falar das misteriosas questões deixadas em aberto seria, segundo o autor, aniquilar o sentido da descoberta – “E isto, no âmbito da ficção, equivalia a um pecado mortal”. Ficamos então à espera!


Opinião completa no Deus me Livro
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